Não removam os marcos antigos?


No meio pentecostal existe uma turma que sempre tenta justificar as suas tradições humanas nas Sagradas Escrituras, mas a Bíblia insiste em correr para o lado oposto. Os defensores do legalismo institucionalizado constantemente citam Provérbios 22.28, onde lemos: “Não removas os marcos antigos que puseram teus pais” (ARA). Ora, será que esse texto nos ensina que as tradições de uma instituição nunca devem ser alteradas?

Uma boa exegese nos previne de violentar o texto bíblico com os nossos pensamentos imperfeitos. Nesse provérbio quando Salomão escreve “marcos antigos”, o autor se refere a “pequenas pedras semelhantes a pilares com elaboradas inscrições de palavras e desenhos” [1], ou seja, era um demarcador de terras que mostrava um limite onde não se poderia ultrapassar, pois assim o infrator estaria tomando posse de uma terra alheia. Na Nova Tradução Linguagem de Hoje (NTLH) o texto fica mais claro: “Não mude de lugar os marcos de divisa de terras que os seus antepassados colocaram”.

Esse texto nos ensina a prática da integridade, respeito e justiça. O versículo não está ensinando que todas as tradições dos antepassados devem ser mantidas intactas, apesar de sabermos o valor de nossa herança histórica. O teólogo Erwin Lutzer lembra: “Todos somos propensos a universalizar nossas próprias convicções pessoais; queremos tornar absoluto o que deveria ser relativo” [2]. Não podemos valorizar a forma em lugar da essência; não podemos transformar preceitos em princípios; não podemos tornar absoluto aquilo que é relativo; não podemos transformar tradições em doutrinas; não podemos despreza a interpretação bíblica em nome de justificativas injustificáveis. Quando fazemos isso, prejudicamos a nós mesmos e a comunidade cristã!

Referências Bibliográficas:

[1] PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. 4 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. p 1226

[2] LUTZER, Erwin. Quem é Você Para Julgar? 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p 222.

Teologia Pentecostal